Arte interactiva

A arte interactiva é uma forma de arte que envolve, de certo modo, a participação do espectador. Alguns artistas conseguem-no fazendo o espectador andar em torno da obra, como grandes esculturas ou instalações, ou mesmo fazendo o espectador vestir literalmente a obra como uma peça de roupa. Há diversos trabalhos que incluem o uso de computadores e sensores para responder a movimento, como o som, calor ou outros tipos de estímulo. Há, também, imensas obras de arte na Internet que são altamente interactivas pois fazem o visitante navegar por hipertextos, aceitando que a participação ou a influência da audiência local ou remota altere o curso da obra. Entre a obra de arte e o espectador há bastante interacção, ambos completam-se mutuamente, pois o espectador é como que “obrigado” a interagir com a obra de arte para que realmente funcione e resulte. A arte interactiva não deve ser confundida com outros tipos de arte que não permitem este “diálogo”.
Existem vários tipos de instalações interactivas produzidas, incluindo o web-based instalações, a galeria de instalações, as instalações digitais, as instalações electrónicas, etc. As instalações interactivas surgiram, basicamente, a partir da década de 1990, quando os artistas quiseram dar uma nova dinâmica às suas obras, inclusive, a interacção do espectador com a obra.

Com a melhoria da tecnologia ao longo dos anos, os artistas foram sendo cada vez mais capazes de explorar para além dos seus limites e barreiras. Os meios de comunicação usados eram, sem dúvida, mais experimentais e ousados, podendo incluir sensores, o que atraía mais o espectador. Ao usar a realidade virtual como um meio de comunicação, a arte tornou-se mais interactiva. Com o início de um novo século, houve tendência para que as instalações interactivas fossem mostradas em vídeo, filme, som e escultura.
Vários artistas adoptaram novas interfaces e técnicas para obter a participação do espectador; novos meios de expor a obra, como vídeos, laser, mecatrónica; novas formas de interacção humano-humano e humano-máquina, como telecomunicações, jogos electrónicos e Internet; e novos contextos sociais de interactividade, como crítica social, direitos humanos e política.

Image Fulgator, Julius von Bismarck

O vencedor na categoria de arte interactiva Image Fulgator, desenvolvido por Julius von Bismarck que criou um sistema para ser utilizado em lugares públicos que capta o flash da máquina fotográfica de um visitante. O resultado é uma projecção invisível a olho nu, captada pela máquina fotográfica e que gera uma imagem fotográfica manipulada. Um dos exemplos mais famosos deste trabalho foram fotos tiradas durante o discurso o Candidato a presidência dos Estados Unidos Obama em que quem fotografava o seu discurso registrava nessa imagem uma cruz no pelinto onde Obama de apoiava.

A animação vencedora Tutli-Putli é uma obra de stop motion que revolucionou o cinema desenvolvendo uma tecnologia própria para a simulação dos olhos da Madame Tutli-Putli e das demais personagens desta divertida história.

A reacTable (um dos autores é professor na Escola de Artes, Martin Kaltenbrunner) venceu este ano o prémio na categoria Digital Music e é a obra que, possivelmente, atingiu um maior número de pessoas devido a sua grande mediatização (principalmente depois do Concerto em Conchella nos USA com a Bjork).

1kg More é um projecto que insere dentro do ramo das comunidades digitais e que tem como o objectivo melhorar o ensino na china rural com base em trabalhos de grupos colaborativos; conta com o apoio público e privado. Dentro desta categoria gostava de destacar projectos que receberam menções honrosas como o projecto FreeSound Project, FFFOUND! e Patients LikeMe.

Pollstream é o nome do projecto vencedor na categoria Hybrid Art. Realizado por Helen Evans e o excêntrico Heiko Hansen. Pollstream é um conjunto de ideias, formas e imagens que exploram nuvens geradas pelo homem. Um desta obras é a Smoking Lamp de 2006 que tem tido muita dificuldade em ser apresentada em museus e galerias por “necessitar” que os visitantes fumem dentro desses ambientes. Assim que é detectado uma certa quantidade de fumo, a luz muda de cor.

Mas para além desses projectos vencedores, muitos outros não deixaram nada a desejar. Relacionado com a música digital tornei-me fã de um alemão chamado Hans W. Koch. Reinventando tudo que entendemos como musica e como digital, cria verdadeiros concertos das formas mais inusitadas e provocadoras. Numa performance intitulada “The benchmark consort”, uma aplicação gera janelas de diferentes tamanhos, cores e posicionamentos que emitem um som; conforme a placa gráfica vai ficando sobrecarregada, os sons vão ganhando nova dinâmica e ritmo. O resultado disso em cerca de 20 computadores (como aconteceu no Ars) cria uma verdadeira orquestra de ruídos. Além deste projecto existem outros muito interessantes que estão disponíveis na pagina do artista.

A Arte Interactiva não é só feita de trabalhos digitais e cada vez mais a palavra interacção é utilizada nos trabalhos artístico. O grupo de criadores do projecto Appeel tenta contrariar essa dinâmica desenvolvendo um trabalho, aparentemente simples, consegue atingir o espectador de maneira extremamente eficaz. Este tipo de trabalhos deve ser um exemplo para todos nós que criar projectos relacionados com interacção.

A arte também pode ter uma vertente ligada a estética. Uma jovem coreana chama Soomi Park chamou a atenção pelos corredores do Ars com os seus cílios postiços iluminados. Um sensor de movimento fazia com que os leds se iluminassem quando era detectado movimento. O principal objectivo deste trabalho era criar uma ilusão de ampliação dos olhos (que nos países orientais é um reflexo de beleza).

Mas algumas coisas assustadoras também aconteceram pelo Ars. Desde um artista chamado Yann Marussich que, literalmente, transpirou um líquido azul, até artistas que foram proibidos de comparecer depois de terem paragens cardíacas durante uma performance, e outros casos que envolviam a preparação de um pudim com base em banha humana retirada numa lipo-aspiração.

Arte performativa digital

A arte performativa digital é uma manifestação artística interdisciplinar que pode combinar o teatro, a música, a poesia ou o vídeo. É característica da segunda metade do século XX mas as suas origens estão ligadas aos movimentos de vanguarda do início desse mesmo século.
É criada e elaborada ao pormenor, tendo como finalidade a sua apresentação ao vivo, em fotografia, em vídeo ou relato, em palcos ou noutros locais, e pode até envolver ou não, exactamente, a participação dos espectadores.

Este género de arte foi principalmente introduzido pelo grupo Fluxus, pelas obras de Joseph Beuys, por Steve Dixon, etc…

Fluxus

O grupo Fluxus foi um movimento que marcou as artes das décadas de 1960 e 1970, opondo-se aos valores burgueses, às galerias e ao individualismo. O nome Fluxus, do latim flux, significa modificação, escoamento, etc… era, no início, o título de uma revista, mas com o tempo passou a designar as performances organizadas por George Maciunas, criador do grupo. Valorizando a criação colectiva, esses artistas integravam diferentes áreas como música, cinema e dança, manifestando-se principalmente através de performances, happenings, instalações, entre outros suportes inovadores para a época. O grupo Fluxus foi criado em 1961, em Wiesbaden, na Alemanha, durante o Festival Internacional de Música, sob a liderança de George Maciunas. Era integrado por artistas de várias partes do mundo, como os alemães Joseph Beuys e Wolf Vostell, o coreano Nam June Paik, o francês Bem Vautier, e japonesa Yoko Ono, além de outros representantes destes países ou dos países nórdicos.

Este grupo surgiu aquando umas aulas de música experimental ministradas por John Cage na New School for Social Research. O músico, na tentativa de criar composições não-narrativas e aleatórias, incorporando ruídos e interferências do meio, inspirou os artistas na tentativa de dialogar com o quotidiano nos seus trabalhos. Oficialmente, o grupo foi criado por Maciunas no ano de 1961, em Wiesbaden, na Alemanha, durante o Festival Internacional de Música. A principal referência foi o movimento Dadaísta e a obra de Marcel Duchamp, que influenciaram a contestação dos valores estabelecidos e o espírito anárquico do grupo. No entanto, enquanto Duchamp havia com os seus ready-mades, elementos apropriados do quotidiano e sendo-lhes atribuído a qualidade de arte, mas posto ao do objecto artístico consagrado, criando um novo conceito de arte, a que chamava anti-arte. Contrariamente, os artistas do grupo Fluxus procuravam inserir a arte no quotidiano das pessoas, defendendo a ideia de que todos deveriam compreendê-la. Nesse sentido, há também uma influência do Construtivismo Russo, na medida em que o grupo reflectia sobre sua função social e sobre a participação política dos artistas.

O movimento unia diferentes linguagens às artes plásticas, sendo composto também por cineastas, músicos e actores. O colectivo do grupo procurava inovar e ampliar as formas de expressão artísticas, utilizando suportes transitórios e/ou reprodutíveis, como happenings, performances, fotografias e instalações. No grupo, os artistas Nam June Paik e Wolf Vostell foram os primeiros a usar o vídeo, criando a videoarte. Nas exposições do grupo, as obras tinham sempre um teor de provocação e crítica, com a presença de um humor extravagante. Tinham como objectivo revolucionar o espírito e a mente, a vários níveis, dos seus participantes. Em 1963, foi escrito um manifesto contendo frases como “destruam os museus de arte” ou “destruam a cultura séria”, entre outras polémicas.

Com a morte de Maciunas, em 1978, o gupo Fluxus chegou ao fim. No entanto, os seus artistas continuaram em actividade, seguindo caminhos distintos. Em 1983 os seus trabalhos e performances puderam ser vistas na XVII Bienal de Arte de São Paulo, quando o grupo teve um espaço dedicado à sua produção e a documentos que registavam o seu percurso.

Joseph Beuys

Joseph Beuys (1921-1986) foi um artista alemão que trabalhou em escultura, performance, vídeo e instalação. É considerado um dos mais influentes artistas europeus da segunda metade do século XX.
Joseph Beuys contactou com a arte desde muito jovem mas decidiu envergar na medicina. Entretanto, com a Segunda Guerra Mundial, registou-se na Força Aérea Alemã.
Depois da guerra, Beuys concentrou-se então na arte e estudou na escola de arte de Dusseldorf de 1946 a 1951. Nos anos 1950, dedicou-se principalmente ao desenho. Em 1961, tornou-se professor de escultura mas acabou por ser despedido das suas funções em 1972, depois de protestar para que as suas aulas fossem abertas a qualquer pessoa interessada. Os seus alunos manifestaram-se em favor dele, e dessa forma conseguiu manter o seu ateliê na escola, mas não recuperou as aulas.
Em 1962, Beuys conheceu o movimento Fluxus e as performances e trabalhos multidisciplinares do grupo que reuniam artes visuais, música e literatura, inspirando-o a seguir uma nova vertente na sua qualidade de profissional- a performance. Beuys integrou o grupo Fluxus e tornou-se no membro mais significativo. A sua obra tornou-se cada vez mais motivada pela crença de que a arte devia desempenhar um papel activo na sociedade.
Em 1979, uma grande retrospectiva da obra de Beuys foi exibida no Museu Guggenhein de Nova York, consolidando a sua reputação como um dos mais importantes artistas do seu tempo.

Dança contemporânea

O Ballet Contemporâneo foi criado no início do século XX, prolongando o uso das pontas e gestos ou passos muito próximos do Ballet Clássico. Neste estilo de dança as coreografias diferem do método clássico por não haver uma história que siga uma sequência de factos lógicos, mas sim aqueles passos tradicionais fortemente misturados com sentimentos. As roupas usadas no Ballet Contemporâneo são, geralmente, collants e malhas, que dão maior liberdade de movimento aos bailarinos. É o estilo que vem antes da Dança Moderna, esta sim que esquecerá os passos clássicos, dando mais ênfase aos movimentos do corpo.

A dança contemporânea passou a inclui-se noutras áreas artísticas como no vídeo, na música, na fotografia, nas artes plásticas, nas performances, na cultura digital e nos softwares, que permitem alterações do que se entende como movimento, tornando movimentos reais em virtuais ou vice-versa. Surgiu, a partir de então, vertentes como a videodança, tornando mais híbridas as relações entre as diferentes áreas da dança.

A dança contemporanea modificou drasticamente as “posições-base” do ballet clássico, além de “tirar” as sapatilhas das bailarinas e parar de controlar o seu peso. Este género mantém, no entanto, a estrutura do ballet, fazendo uso de diagonais e da dança conjunta. A dança contemporânea busca uma ruptura total com o ballet, chegando, às vezes, a deixar de lado a estética: o que importa é a transmissão de sentimentos, ideias, conceitos. Os solos de improvisação são bastante frequentes.

A composição de uma trilha para um espectáculo de dança contemporânea implica diversos factores para além da própria composição musical.

A dança contemporânea não possui uma técnica única estabelecida, todos os tipos de pessoas podem praticá-la.

Esse tipo de dança modificou o espaço, usando não só o palco como local de referência. A sua técnica é tão abrangente que não delimita os utensílios usados. O corpo, encontrando os seus traços, não delimita estilos de roupas, músicas, espaço ou movimento.

 

Tecnologia da Moda

A tecnologia e a moda estão a tonar-se cada vez mais unidas, na finalidade de promover produtos exuberantes e inéditos. Fashionable Techonology é a intersecção do design, da moda, da ciência e da tecnologia.

Esta interacção entre têxteis electrónicos e tecnologia “wearable”, moda, design e ciência é um assunto altamente promissor. As tecnologias “wearable” referem-se a peças de vestuário com dispositivos electrónicos e com novos materiais que permitem funções muito além das aplicações convencionais.

Casacos equipados com funções de GPS ou com painéis solardes; luvas de comunicação Bluetooth; camisas que acompanham o ritmo cardíaco e medem o desempenho desportivo: estes são exemplos de produtos que deixaram de ser sonhos do futuro, pois já se estão a tornar comercializáveis.

Vestido composto por milhares de luzes.

Interactividade do vestido (ou ilusão): no primeiro refrão, o vestido de Katy Perry lança “foguetes” ou mero fogo de artifício.